segunda-feira, junho 12, 2006

Porto, algures, num momento a sós

As massas de nuvens cinzentas cobriam os céus, assim como outras de diferente natureza toldavam o meu horizonte e o meu Ser. Sentada num banco de pedra que me gelava as carnes, olhei para cima, em êxtase... As nuvens coavam dedos de luz que, aqui e ali, acariciavam a terra. Por breves momentos também eu me vi envolvida num círculo de luz... fechei os olhos, cega pela intensidade e profundidade do espectro solar.
Nada é eterno, tudo é efémero, disse alguém um dia. Assim como as montanhas se desfazem e são arrastadas para o mar, também o curso dos meus dias, e num tempo mais breve, me levará a outros portos e as minhas incertezas serão outras, diferentes destas que agora me inquietam.
Nada dura para sempre... nem a inquietação, nem a frustração, nem a saudade de um querer ser que ainda o não foi.

Artífice